terça-feira, 31 de agosto de 2010

Avanço

(Adriana Avellar)

A história é verdadeira. Ano de 2010. Município de 400 mil habitantes.

Conheceu o cara na balada. De cara, ele mostrou que tava afim. Ela nem tanto. Deixou passar uns dias, até que rolou um ligeiro clima. Foi quando a amiga, que sempre dava carona avisou:

- Hoje, não tem essa de querer ir embora cedo não!Se meu paquera estiver lá, eu fico. Ou saio com ele.
- Tudo bem - combinaram as outras quatro amigas - a gente racha um taxi na volta.

Não foi preciso. O carinha ofereceu carona. Ela foi sentada na frente. As outras três atrás. E ele, claro, levou cada uma em casa. Deixou-a por último.

- De repente até rola uma parada maneira - ela pensou.

No portão de casa, na intenção da despedida, o cara tascou-lhe um beijo. Beijo profundo. Segurou-lhe a mão. Primeiro, com muito carinho. Depois, com mais intensidade.

Numa atitude intempestiva, durante o beijo, forçou-a para dentro de suas calças. A braguilha já estava aberta. Ela chocou. Tirou a mão rapidamente. Saiu do carro. Correu, sem olhar para trás, entrou. Ali, no portão da casa dela! Logo depois do primeiro beijo! Que ele tá pensando?

Normalmente, faria um escândalo, comentou mais tarde com as amigas. Mas a surpresa foi grande, não teve reação. Só correr. Aquele filho da puta! Diante de seu portão, onde era melhor não chamar a atenção da vizinhança!

Apenas saiu correndo do carro e entrou em casa. Com a promessa de nunca mais ver esse babaca. Um avanço desse jeito!

Agora, passado o susto, já até consegue rir e fazer piada, mas promete para as amigas, todas na faixa dos 60:
- Nunca mais eu vou naquele baile da terceira idade!

FIM.

Um comentário:

  1. Adoro essas verdades surpresas! Desconstruiu minha mente durante o conto, ou melhor durante o relato! Demais Adriana!

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